sexta-feira, 13 de julho de 2007

As origens da crise

Diário Catarinense ; Moacir Pereira ; 13/7/2007

O prefeito de Florianópolis, Dário Berger, retornou da viagem a Portugal com uma ação política definida para enfrentar a crise que estourou na Capital a partir da Operação Moeda Verde. Está desqualificando o vereador cassado Juarez Silveira no referente à suposta doação de R$ 500 mil à campanha do irmão Djalma Berger, mencionada nas gravações da Polícia Federal; levanta suspeição sobre os pareceres do procurador-geral interino da Câmara, Antônio Schrain, alegando que presidiu o Partido Progressista de Florianópolis e "é boca alugada do ex-governador Esperidião Amin"; e procura esvaziar as repercussões políticas dos últimos acontecimentos, enfatizando que enfrenta "o sexto turno das eleições".

Na medida em que fatos novos são conhecidos e que as autoridades se manifestam fica mais claro que nas origens da crise estão as escolhas feitas pelo prefeito, suas relações com a classe política e equívocos na formação da equipe.

O ex-prefeito Edison Andrino tem uma tese que o aproxima dos antigos adversários do PP (Amin) e do PFL (Konder Bornhausen). Vem lembrando que Cláudio Ávila e Bulcão Vianna, que dirigiram Florianópolis, tiveram gestões sem as denúncias de irregularidades. Acrescenta que, da mesma forma, Esperidião e Angela Amin concluíram os mandatos sem fatos graves, com o caráter explosivo daqueles que agora vieram a público.


Equívocos
Dário Berger cometeu o primeiro erro na formação da equipe. Pode ter partido de uma premissa política falsa: a de que administrar Florianópolis seria como governar São José. Isto ficou claro quando convocou para o secretariado vários dos colaboradores de São José, que desconheciam a realidade social, econômica e política da cidade.

A nomeação do irmão, o então deputado estadual Djalma Berger, para a poderosa Secretaria de Obras, exatamente no momento em que lançava dezenas de ordens de serviço da Operação Tapete Preto, fertilizou comentários desairosos. E, finalmente, uma escolha que agora se revela desastrosa: indicar o vereador Juarez Silveira para líder do governo na Câmara, com plenos poderes para agir na Câmara e dentro da prefeitura.

Uma escolha que se completou com a eleição do vereador Marcílio Ávila para a presidência da Câmara. A dupla decidiu sobre fatos relevantes na vida da cidade e, segundo os vereadores, nem sempre com a transparência anunciada.

O presidente Ptolomeu Bittencourt revelou aos empresários, por exemplo, que ele e os colegas foram "enganados" na votação da lei de incentivo ao turismo. Os cassados dizem, ao contrário, que foram traídos pelo prefeito, o que sinaliza nova relação conflituosa de conseqüências imprevisíveis no Legislativo.

O silêncio absoluto dos progressistas e dos democratas é a maior evidência de que Dário Berger está pagando pelas escolhas que fez.

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