sexta-feira, 15 de junho de 2007

Propina

O texto abaixo é parte do livro entitulado “A Indústria da Corrupção civil”, lamentavelmente não se trata de ficção.

As regras atuais são implacáveis.

Fiquei numa posição difícil. Por um lado havia a urgência do meu cliente em iniciar a obra ; contratualmente assegurei a aprovação e licenciamento da obra, sem especificar prazo para que isto ocorresse, embora fosse um problema meu, não do cliente. Por outro lado, caso não obtivesse logo o licenciamento estaria sujeito a uma rescisão contratual justificada e poderia ser processado por perdas e danos.

Neste momento não posso arcar com este prejuízo. Só restaram duas hipóteses : pagar a propina ou quebrar. Assim, contrariando tudo que sempre defendi, incluindo a postura ética e o caminho certo, ou reto como dizia meu pai, entrei para o grupo dos contraventores.

Descobri que, ao contrário da morosidade dos trâmites burocráticos no “caminho das pedras”, os da corrupção ocorrem com uma rapidez assombrosa. Concordei com o pagamento e dois dias depois o projeto estava aprovado e licenciado. A razão que me levou à praia é que na manhã daquele dia recebi um telefonema comunicando-me o banco, a agência e o número da conta na qual deveria depositar o valor acertado.

Por 1.380,00 reais, equivalentes a 359,00 dólares, ao câmbio do dia, depositados ontem na conta de um funcionário da SUSP, que supostamente os repassará ao técnico que “liberou” o projeto, escapei do risco de ser processado.

A falta de ética chegou a um ponto em que “lobos estão devorando lobos”. É a Lei da Selva levada às últimas conseqüências.

A imagem abaixo corresponde ao recibo de depósito do cheque emitido para cobrir o pagamento exigido. No verso do cheque, que ainda se encontra arquivado no banco, encontra-se discriminado o número do processo que foi liberado após o pagamento.

O minucioso desenho abaixo expoem de forma clara, didática e técnica o erro de projeto que supostamente estaria "emperrando" o andamento do projeto ;

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