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Corrupcionário da Ilha de Santa Catarina
Onde se compra a honra
Coluna Cláudio Humberto ; Adriana Vandoni ; 28/8/2007
Tenho muito interesse na oscilação da participação popular diante dos acontecimentos políticos. Sim, o brasileiro sempre teve o perfil de um povo pacato, mas nos últimos anos isso se transformou em apatia com o seu destino. Esse é o pior dos sentimentos coletivos, pois a apatia abre espaço para o surgimento de déspotas. A culpa é do atual presidente? Eu adoraria dizer: sim, o culpado é Lula e seus homens de confiança. Mas não é. Quer dizer, ele tem culpa relativa.
Seu homem de confiança foi flagrado como chefe de uma organização criminosa, montada com o objetivo de lesar o erário público para benefício próprio. Culpa de Lula. Mas as ações dessa turma causam em alguns setores da população nojo e não apatia.
O culpado pela apatia é a impunidade. E essa é de responsabilidade da Justiça Brasileira, que se perde nos detalhismos das Leis que não foram elaboradas para punir os erros, mas para absolvê-los em suas brechas. Com um bom advogado, você pode roubar e matar, mas para quem não tem, para esses, os rigores da Lei.
A recorrente impunidade foi aos poucos corroendo o sentido de certo e errado, fez com que os valores morais fossem substituídos por valores patrimoniais ou valores temporários e tênues, como os decorrentes do poder político. A falta de punição institucionalizou a corrupção, deu ao ato vil um status romanceado que mistura esperteza com inteligência.
Certa vez, poucos anos atrás, um morador de uma cidade do interior do Rio de Janeiro me contou sobre um famoso político da região. Ele dizia que o tal político era o maior gangster que já existira no pedaço. Envolvido em tantas falcatruas quanto é possível imaginar. Comandava, através de dinheiro público, todas as cidades da região. Comprava prefeitos, lideranças e jornalistas.
Durante o relato, o morador disse: “mas uma coisa temos que reconhecer, o homem é trabalhador. Às seis da manhã já está no gabinete, sem hora pra voltar pra casa. Não deixa de retornar a uma só ligação, seja do governador, do presidente ou da moradora do bairro mais pobre da cidade”. Como se as horas trabalhadas e a atenção dispensada fossem determinantes de honestidade. Esta é a distorção dos valores.
Algo semelhante aconteceu dias atrás em Mato Grosso. O estado assistia à polêmica em torno de um homem público que havia trabalhado ilegalmente em dois lugares ao mesmo tempo, no senado e em uma empresa no Pará. Pois bem, li um artigo que afirmava: “ora, se ele trabalhou nos dois lugares ao mesmo tempo é sinal de competência”. Não, isso não é sinal de competência, isso é sinal de transgressão. É a nítida deturpação de valores morais, do senso de legalidade. Diria ao autor que competência seria se o tal não estivesse transigindo a Lei, que considera o ato um crime. A postura do autor do texto usou a mesma lógica do morador da cidade para legitimar um erro. “O homem é trabalhador”. Entendendo assim a população, sem nem perceber, vai adulterando os conceitos de moral, valor e honra.
Continuando minha conversa, o morador da cidadezinha disse que o tal político estava no poder a tanto tempo e vinha se livrando de tantos processos, denúncias e acusações feitas contra ele que até já começava a se esquecer dos crimes e erros praticados.
Esta é a segunda fase do que a falta de punição pode causar em um país. No caso relatado a impunidade era tanta que tinha chegado num ponto que o tempo estava lavando a existência do corrupto. Como? Ora, ele não precisa mais roubar, daqui pra frente ele será um homem limpo.
O que o morador disse nada mais é que uma espécie de lavagem de passado. Foi esse o mecanismo que o Comendador Arcanjo tentou realizar aqui, promovendo festas beneficentes e participando de rodas sociais e até com grupos do judiciário. O tempo daria o indulto a ele, e só foi impedido pela ação dos membros do Ministério Público, que não se curvaram à sua artimanha.
Arcanjo foi uma exceção. Muitos ainda circulam impunes entre nós, e o Brasil vai perdendo, assim, o sentimento de nação, e a sociedade conferindo honra e retidão a bandidos e corruptos.
Ex-funcionário denuncia fraudes em cartórios de Florianópolis
ClicRBS ; 17/8/2007
Um ex-funcionário do cartório do Ribeirão da Ilha, bairro do extremo-sul da Ilha de Santa Catarina, denunciou, nesta sexta-feira à rádio CBN/Diário, diversas irregularidades que estariam ocorrendo nos cartórios de registro de imóveis de Florianópolis. Alcenê dos Santos está preso na Central de Polícia da Capital desde quinta-feira por suspeita de ser depositário infiel – ou seja, ter assinado um contrato como depositário, onde recebeu um bem imóvel que teria que ser restituído a um depositante, o que não teria acontecido.
Santos afirma que não sabe nada do processo sobre o qual está sendo acusado. Para ele, a prisão é uma armação, resultado de denúncias que vinha fazendo sobre as irregularidades que apurou acontecerem pelo menos desde 1979. As investigações teriam começado no ano passado, quando teria recebido pedidos de certidões de escritura no cartório do Ribeirão da Ilha que seriam daquele cartório, mas quando o funcionário ia averiguar verificava que a matrícula não era de lá. De acordo com o cartório, Alcenê já não trabalha lá há pelo menos três anos.
Ele, no entanto, afirma que inclusive repassou para a Justiça as irregularidades descobertas nesta ocasião. Foi quando, segundo ele, começaram as investigações. Alcenê diz possuir documentos que comprovam pelo menos 53 fraudes. Ele cita os seguintes cartórios de registro de imóveis que estariam envolvidos: o 2º oficio de registro de imóveis, cartório Salles, o cartório Luz, o Cotisias, o Santo Antônio, o Costa e o de Ratones, na administração anterior.
As irregularidades ocorreriam principalmente na regularização de terrenos de posse para escritura definitiva. De acordo com Alcenê, as pessoas pegavam os títulos e registravam como se fosse anterior a 1916, às vezes em nome de pessoas mortas ou em cartórios fictícios. Às vezes eram cartórios que realmente existiam, mas onde nada era encontrado nos livros. Desta forma, o terreno ou propriedade podiam ser registrados em escritura legalizada na prefeitura.
Ele cita como exemplo um caso no bairro Ingleses, no norte da Ilha, onde um bloco de apartamentos construído no início da década de 90 tinha a escritura registrada em 1975 em nome de uma pessoa falecida em 1949.
Alcenê Santos prestou depoimento na investigação da Operação Moeda Verde, da Polícia Federal, onde falou sobre as irregularidades apuradas. A operação investiga irregularidades na concessão de licenças ambientais para grandes empreendimentos em Florianópolis.
Segundo ele, alguns terrenos envolvidos nas investigações da PF também têm irregularidades no registro nos cartórios. Alcenê afirma que, desde que começou a fazer as investigações e denúncias, foi ameaçado por telefone, teve a casa atingida por dois disparos de arma de fogo e sofreu tentativa de suborno do marido de uma proprietária de cartório, que lhe ofereceu R$ 500 mil.
Cartórios são fiscalizados
O vice-corregedor do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, José Volpato de Souza, disse à reportagem da CBN/Diário que já os cartórios já estão sendo fiscalizados. Ele disponibilizou uma equipe de 12 funcionários para a investigação. Segundo ele, algumas irregularidades já foram encontradas, mas o processo ainda é longo até que sejam apontados responsáveis.
Os cartorários têm que apresentar suas defesas e, posteriormente, a Justiça tem que decidir a que tipo de processo eles poderão ser submetidos. Além disso, a fiscalização é dificultada pela enorme quantidade de registros existentes nos cartórios, registradas em livros. Ele confirma que o número de irregularidades é muito grande, o que também dificulta as investigações.
Este é um bom exemplo da forma como muitos pensamos e tratamos o turismo, os recursos naturais são para destruir e os que nos visitam devem ser maltratados. Se o Algarve ou mesmo o Rio Tejo fossem uma mina de diamantes estaria bem guardada, os acessos seriam luxuosos, não haveria lixo por todo o lado e não faltaria quem se dispusesse a lamber as botas aos que nos viessem comprar as pedras. Mas como a natureza se trata de um bem publico cada um a usa e destrói como entende.
É frustrante ver algumas das melhores praias da Europa serem tratadas como lixeiras, servidas por acessos de poeira, apoiadas por restaurantes bem piores do que qualquer tasca.
Fala-se muito da desgraça que tem sido a construção civil no Algarve ou na costa do Alentejo, mas a verdade é que não são só autarcas oportunistas e patos-bravos da construção civil que delapidam os nossos recursos naturais. São muito os empresários que exploram o turismo sem o mínimo de vocação para o fazer e muitos mais os portugueses sem o mínimo de educação e de civismo.
Lixo por todo os lado, contentores de lixo por limpar, veículos todo-o-terreno estacionados nas dunas, idiotas apanhando conquilhas minúsculas, famílias a atravessarem as dunas a caminho da praia para não se darem ao trabalho de irem pelas passadeiras, são imensos os comportamentos que estão a destruir algumas das nossas melhores praias.
Se fossem uma mina de diamantes ninguém poderia ir lá cavar e desbaratar esse recurso, mas como se trata de domínio público cada um fez o que quer. Se defendesse aqui a privatização das praias cairia o Carmo e a Trindade, mas se isso for necessário para preservar e explorar devidamente um dos nossos melhores recursos não terei a menor dúvida em fazê-lo.
( Quem sai aos seus ..... )
CPI vai visitar os empreendimentos citados na operação Moeda Verde
ClicRBS ; 16/8/2007
Os vereadores que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Operação Moeda Verde reúnem-se nesta quinta-feira na Câmara da Capital e vão reencaminhar à Prefeitura de Florianópolis o pedido de revisão dos alvarás e licenças expedidos para as obras dos empreendimentos citados na investigação da Polícia Federal.
O presidente da CPI, vereador Jaime Tonello (DEM), disse que no próximo dia 24 a Comissão vai desencadear uma operação para visitar alguns empreendimentos citados na Moeda Verde.
Os vereadores da CPI devem também insistir junto ao Executivo da Capital a suspensão imediata das obras em andamento dos empreendimentos investigados na Operação Moeda Verde.
Dos 28 investimentos investigados na Operação Moeda Verde, seis estão em andamento e com o alvará concedido: Hospital Vitta, Supermercado Bistek (na Costeira), Loteamento Rio Vermelho, Il Campanario (em Jurerê Internacional), Colégio Energia e Villas do Santinho.
Os parlamentares têm dificuldades em obter informações técnicas sobre os empreendimentos. A prefeitura, a Polícia Federal e a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) ainda não liberaram os documentos pedidos pela CPI.
Tonello disse que foram expedidos 40 ofícios, mas apenas 10 respostas retornaram sobre as informações dos empreendimentos. Tonello afirmou que será dado um prazo de cerca de oito dias para que os órgãos municipais respondam à CPI e informem também as conseqüências sobre uma possível negação dos dados solicitados.
O presidente da CPI adiantou que a Comissão deve ouvir o procurador Valmor alves Moreira, a´lém de convocar outros depoimentos.
A CPI da Operação Moeda Verde completa nesta sexta-feira 92 dias e até o momento a oitiva da delegada Júlia Vergara foi feita.
Certas pessoas pensam que no mínimo são o máximo enquanto os outros sabem que no máximo elas são o mínimo.
Prontuário
A Notícia ; Raul Sartori ; 13/8/2007
Não vai demorar e os moradores do bairro Jurerê Internacional, em Florianópolis, terão que tirar atestados de bons antecedentes.
O sofisticado bairro está ganhando a má fama de ser uma espécie de sonho dourado de gente com problemas com a lei.
Foi o caso de um bando de vigaristas preso no inicio do ano, com sua frota de Ferraris e Porches. E, agora, suspeita-se que quem também investiu por lá, comprando uma mansão, foi o mega traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadia, preso semana passada em São Paulo.
As imagens abaixo são de uma residência construída na rua dos Lambari-Guaçu em Jurerê internacional.
O registro fotográfico demonstra que desde o início das obras foi prevista a existência de um terceiro pavimento contrariando o Plano Diretor da área que determina um gabarito máximo de 2 pavimentos.
A obra permaneceu desocupada ao longo do ano do 2006, em processo de “hibernação”, e foi retomada em 2007 para concluir o terceiro pavimento, ilegal segundo o plano diretor vigente na área.
A imagem do local realizada em 5/8/2007 demonstra que, passados 90 dias da Operação Moeda Verde realizada em Florianópolis pela Polícia Federal,nada mudou com relação à conivência das autoridades locais com relação às obras que ferem os dispositivos de uso do solo em vigor no município.
Zoneamento
ARE-5 (Área Residencial Exclusiva)
Gabarito : 2 pavimentos
Taxa de ocupação : 50 %
Índice de aproveitamento 1
Sumário :
Sob condições normais deveriam ser responsabilizados o proprietário da obra, os autores do projeto, os funcionários da SUSP que o aprovaram e o fiscal encarregado da concessão do habite-se.
Soluções :
A – Alterar o zoneamento com aumento do gabarito de dois para três pavimentos. Este procedimento reduziria a corrupção de funcionários do município : é impossível cobrar propinas quando as obras atendem a legislação.
B – Manter o zoneamento existente e, em contrapartida, contratar uma auditoria privada para realizar uma investigação idônea na SUSP e no IPUF.
Responsabilidade política :
Folha de São Paulo ; Raul Joste Lores ; 5/8/2007
Lei permissiva
Tudo começou com a chamada Lei do Solo, aprovada pelo governo conservador de José María Aznar em 1998. Praticamente todo o solo espanhol se tornou passível de urbanização. De lá para cá, a Espanha construiu cerca de 800 mil unidades habitacionais por ano, mais do que França, Alemanha e Reino Unido juntos.
Mesmo assim, o preço médio do metro quadrado cresceu 150% no mesmo período. Dos 20 bilionários espanhóis na última lista da revista Forbes, oito pertencem ao mundo da construção civil.
Esse boom é mais sentido no litoral, pela cobiça por sua costa -com sol e temperaturas acima dos 18ºC na maior parte do ano. A Espanha recebe mais de 60 milhões de turistas por ano, e o que a imensa maioria ainda quer é sol e praia.
Empreiteiros e especuladores começaram uma caça aos espaços ainda virgens e intocados, e contaram com a colaboração de governos municipais dispostos a autorizar qualquer obra. Entre 2000 e 2006, foram denunciadas irregularidades urbanísticas em 397 cidades, a maioria no litoral da Andaluzia e da Comunidade Valenciana.
Uma cruzada liderada por uma dezena de juízes e promotores públicos já colocou cinco prefeitos e dezenas de vereadores atrás das grades.
Manhattan e Miami ibéricas expõem excesso à beira-mar
Uma enorme investigação do Ministério Público espanhol descobriu que dezenas de prefeitos, vereadores, juízes, advogados e funcionários públicos de seis diferentes Províncias espanholas receberam presentes da imobiliária Aifos.
De hospedagem em hotéis cinco estrelas a tratamentos médicos e de beleza, tudo era oferecido aos corruptíveis elos que permitiam construções ilegais da empresa.
O maior foco dessa corrupção é um antigo reduto do jet-set europeu, Marbella, na Costa do Sol, ao sul do país, onde um prefeito foi deposto em 2002 e seus dois sucessores estão presos por corrupção e abusos urbanísticos.
A cidade é uma Miami espanhola, cheia de lojas de luxo, spas e clínicas de cirurgia plástica. Com apenas 125 mil habitantes, tem a maior concentração de iates da Europa e possui 15 campos de golfe (para se ter uma idéia, o Estado de São Paulo inteiro tem 38).
O maior palácio da família real saudita na Europa está lá, uma versão muito ampliada da Casa Branca, de Washington, que abriga até 500 hóspedes.
Em Marbella, há 30 mil casas e apartamentos irregulares. A cidade serviu como cenário para festas de contrabandistas nos filmes "Syriana" (com George Clooney) e "Munique" (de Steven Spielberg).
Como uma cantora muito popular na Espanha, Isabel Pantoja, namora um dos ex-prefeitos presos (e recebeu depósitos milionários dele), o escândalo imobiliário foi parar na revista "Hola!", a revista de celebridades que é a bisavó da "Caras", para delírio de fofoqueiros e paparazzi espanhóis.
Só na operação de Marbella, 86 pessoas já foram presas e mais de US$ 3 bilhões foram apreendidos com os corruptos, de obras de arte a cavalos de raça, de Porsches a jóias.
Outro caso dos exageros à beira-mar é Benidorm, na Comunidade Valenciana. Com menos de 70 mil habitantes, Benidorm se orgulha de ter a segunda maior concentração de arranha-céus do mundo por metro quadrado, depois da ilha de Manhattan, em Nova York.
É a versão mais rica e kitsch de Balneário Camboriú. Lá, os andaimes não param de subir: um edifício residencial de 200 metros de altura está em construção, maior que o mais alto hotel da Europa, o local Bali III, com 52 andares e 186 metros.
Barreiras e demolição
Demorou, mas a sucessão de escândalos e descalabros urbanísticos e paisagísticos começa a ser freada. Em Algarrobico, na Andaluzia, em uma praia ainda deserta, um solitário hotel de 22 andares quase pronto foi interditado pelo governo.
Será demolido - e o grupo Greenpeace pichou o prédio com letras enormes: "ilegal".
Já em Marbella, o governo andaluz tirou a competência da prefeitura em matéria urbanística por mais de um ano, até que outro prefeito fosse eleito. Várias prefeituras têm perdido o direito de legislar sobre o solo, com intervenções regionais e até do governo nacional.
A melhor notícia para o litoral espanhol, porém, é que provavelmente a bolha da construção imobiliária esteja perto do fim, ou pelo menos, de uma forte desaceleração, com menos crédito, preços dos imóveis menos competitivos e maiores barreiras à construção.
No mês passado, entrou em vigor a nova Lei do Solo, proposta pelo governo socialista, que determina 30% do solo residencial para conjuntos habitacionais populares e promove a participação popular em planos urbanísticos.
Mas os excessos da construção civil e a permissividade de governos locais ainda servirão por um bom tempo como exemplo do que pode acontecer com outros paraísos naturais.
Berger blindado
A Notícia ; Raul Sartori ; 2/8/2007
Na percepção da maioria dos florianopolitanos, o prefeito Dário Berger não está envolvido no escândalo revelado pela Operação Moeda Verde (venda de licenças ambientais), que até agora provocou a cassação do mandato de dois vereadores em Florianópolis.
Pesquisa da Cooperfil, registrada no Tribunal Regional Eleitoral e feita exclusivamente para divulgar seu site, realizada dias 10 e 11 de julho, com 717 pessoas, apontou que 10,04% tem certeza da participação direta do alcaide no esquema, contra 23,29% que acreditam no envolvimento dele por omissão, 39,19% que não está envolvido e 27,48% que não sabem ou não responderam.
A mesma pesquisa inferiu que 52,15% dos entrevistados aprovam a administração de Berger, 33,61% não aprovam e 14,23% não opinaram.
Pedido o fim da lei que beneficia hotéis na Capital Diário Catarinense ; João Cavallazzi ; 1/8/2007 O procurador-geral de Justiça do Estado, Gercino Gerson Gomes Neto, ajuizou no Tribunal de Justiça (TJ), ontem, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) pedindo que seja declarada inconstitucional a lei de incentivo ao turismo (chamada Lei dos Hotéis), aprovada no ano passado pela Câmara de Vereadores de Florianópolis. |
Sapiens sem moeda
A Notícia ; Raul Sartori ; 19/7/2007
No lançamento do Programa Comunidade Sapiens, que busca uma integração maior com os moradores do norte da Ilha de Santa Catarina em torno do megaprojeto, o ex-reitor e presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado (Fapesc), Diomário de Queiroz, que representou o governador, ouviu, com todas as letras, o jurista Saulo Vieira afirmar que o trabalho avança, devagar, mas firme, sem constrangimentos. “Aqui não tem moeda verde, não se paga propina”, sinalizou o presidente do Sapiens. Destacando o grande interesse nacional e internacional despertado por empresas de alta tecnologia, afastou ainda o perigo da especulação imobiliária.
O prefeito de Florianópolis, Dário Berger, retornou da viagem a Portugal com uma ação política definida para enfrentar a crise que estourou na Capital a partir da Operação Moeda Verde. Está desqualificando o vereador cassado Juarez Silveira no referente à suposta doação de R$ 500 mil à campanha do irmão Djalma Berger, mencionada nas gravações da Polícia Federal; levanta suspeição sobre os pareceres do procurador-geral interino da Câmara, Antônio Schrain, alegando que presidiu o Partido Progressista de Florianópolis e "é boca alugada do ex-governador Esperidião Amin"; e procura esvaziar as repercussões políticas dos últimos acontecimentos, enfatizando que enfrenta "o sexto turno das eleições".
Na medida em que fatos novos são conhecidos e que as autoridades se manifestam fica mais claro que nas origens da crise estão as escolhas feitas pelo prefeito, suas relações com a classe política e equívocos na formação da equipe.
O ex-prefeito Edison Andrino tem uma tese que o aproxima dos antigos adversários do PP (Amin) e do PFL (Konder Bornhausen). Vem lembrando que Cláudio Ávila e Bulcão Vianna, que dirigiram Florianópolis, tiveram gestões sem as denúncias de irregularidades. Acrescenta que, da mesma forma, Esperidião e Angela Amin concluíram os mandatos sem fatos graves, com o caráter explosivo daqueles que agora vieram a público.
Citado em documentos da Moeda Verde como um dos que seria beneficiados com a lei de incentivos à rede hoteleira, o empresário Fernando Marcondes de Mattos, 68 anos, declarou ontem que vai deixar de investir em Florianópolis, assim como já afirmou o empresário Carlos Amastha, do Floripa Shopping.
Preocupado com os negócios e a imagem diante dos desdobramentos da investigação, o dono do Costão do Santinho Resort disse que está decepcionado com quem quer frear o desenvolvimento da Ilha. Marcondes admitiu a necessidade de fazer tráfico de influência para ter agilidade no trâmite de processos ambientais e disparou contra ecologistas e o poder público. Na sala de reuniões da sua empresa Inplac, em Biguaçu, o empresário também falou sobre a amizade com o vereador cassado Juarez Silveira e as denúncias de doação de dinheiro a políticos.
Embora se mostre descontente com o momento conturbado da cidade, Marcondes disse que pretende concluir o Costão Golfe, no Norte da Ilha, e que está embargado pela Justiça Federal, e o condomínio Villas do Santinho, ao lado do hotel Costão.
O desabafo
A vida após a Moeda Verde
"Eu me considero uma pessoa muito forte, física e mentalmente. Não é fácil a pessoa se sentir injustiçada. Essa operação foi um absurdo total no que me diz respeito. A proposição do ministério público não incluiu o meu nome na relação das pessoas a terem prisão temporária decretada. Tinham listado 14 e o juiz federal incluiu mais uns três, quatro, e eu entrei. Foi um absurdo, uma operação desnecessária. Me colocar numa prisão por 36 horas é uma coisa inconcebível para uma pessoa que trabalhou 50 anos, com carteira assinada, e exerceu tantos cargos na administração pública e privada de Santa Catarina."
Negócios e investimentos
"Nós, com empreendimentos em curso, que precisam de uma visão de mercado, somos bastante atingidos. Aqui em Florianópolis eu vou concluir as iniciativas em execução (campo de golfe e o Villas do Santinho) e não vou fazer mais nada. É uma Ilha que está sendo dominada pelos que são contra o desenvolvimento e que querem o caos porque é no caos que eles vão arrumar votos para se eleger. São os ecologistas radicais, os pseudoecologistas que levantam a bandeira para impedir empreendimentos. Não há como ter qualidade de vida sem desenvolvimento. Só o desenvolvimento vai salvar a Ilha porque gera recursos para os cofres públicos e responsabilidades. Jurerê pode ter seus pequenos erros, mas é referência. Sem falar no meu (Costão do Santinho) que é referência internacional."
R$ 500 mil para os Berger
"Será que passa pela cabeça de alguém como é que se tira de um banco R$ 500 mil? Será que cabe numa mala? Eu acho que nunca vi mais de R$ 20 mil. R$ 500 mil são uma coisa tão estúpida que uma pessoa com critério não vai nem falar. E quanto aos R$ 100 mil, o Juarez se confundiu todo. Poucos dias antes fizemos uma doação para a campanha do Luiz Henrique de R$ 100 mil. Se tivéssemos que dar para a campanha do Djalma nós daríamos oficialmente. Nunca demos um centavo sequer para a família Berger. O que me preocupa é o desgaste da imagem que não sei se vou levar seis meses, um ano, para recuperar, o que é um absurdo, uma execração pública."
Juarez Silveira
"Ele nos ajudou bastante para que as coisas não saíssem com um atraso muito grande. O vereador Juarez nunca condicionou o seu apoio a uma troca de favores, uma vantagem. Eu acho que eu conheci o Juarez quando eu fui secretário de Planejamento do governo de Esperidião Amin, lá por 88. Acho uma pessoa inteligente politicamente, prestou bons serviços à Ilha, mas fala 30 vezes o que deveria falar e hoje é uma pessoa que a cidade está vendo com o maior poder de criação que existe na face da terra. Eu lamento porque ele poderia prestar um grande serviço. Quando ele quer atingir uma pessoa, ele inventa. A mim não, quis atingir o prefeito (Dário Berger)."
Lei dos Hotéis
"Essa lei é um pleito de dez anos da hotelaria e eu defendo essa lei ardorosamente. Sem isso, a hotelaria não tem como pagar os impostos, especialmente a hotelaria de praia, que aqui é quase inviável economicamente. Temos aqui um turismo de dois meses. A taxa de ocupação na baixa temporada não passa de 10% a 20%. É prejuízo. A hotelaria não tem dinheiro para trocar um ar-condicionado. Por isso é que o prefeito se sensibilizou e enviou esse projeto. Beneficia a hotelaria de A a Z."
Tráfico de influência
"Tráfico de influência (existe) sim porque os órgãos públicos nos níveis municipal, estadual e federal estão com as estruturas insuficientes para atender à demanda. Você entra com um pedido que era para levar 30 dias e leva um ano. Para mudar o número de uma casa, leva meses. Um empreendimento, então, nem se fala. Aí ele se começa a colocar pessoas que possam acelerar os projetos. Nunca pedimos qualquer alteração, pedimos agilização."
A política
"Se eu não tivesse 68 anos e os compromissos empresariais, eu iria entrar na política para arrumar alguma coisa. Dar eficiência aos órgãos públicos para que não tenhamos que virar capachos."
ENIGMA
Diário Catarinense ; Coluna Cacau Menezes ; 07.01.2005
Vereador Juarez Silveira não pode reclamar.
Emplacou o cunhado na Susp.
Apoio
Diário Caratinense ; Cacau Menezes ; 9/03/2005
O prefeito Dário Berger, ao saber do problema do vereador Juarez Silveira com o fisco, ofereceu-lhe a secretaria de Finanças do município. Juarez, modesto, foi o único que não aceitou, mas indicou seu cunhado para cuidar da Susp.
Em alta
Diário Catarinense ; Coluna Cacau Menezes ; 17/8/2005
Ninguém, hoje, na política local, recebe mais convites do que o vereador Juarez Silveira. Do prefeito Dário Berger e do governador Luiz Henrique, Juju já encheu uma gaveta de tantos convites. Ipuf, Susp, Setur, Ciasc, Codesc... Prestígio é isso!
Diário Catarinense ; Cacau Menezes ; 14/2/2007
Vereador Juarez Silveira disparou contra o prefeito Dário Berger, na sessão da noite de segunda-feira, da Câmara da Capital. Chamou Dario de "mentiroso" e disse que a administração municipal "não é séria".
Diário Catarinense ; 13/5/2007
Homem forte do governo Berger, Juarez conseguiu emplacar o cunhado Renato Juceli de Souza na estratégica Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp), além de indicar correligionários para vários outros órgãos municipais.
Coluna Paulo Alceu ; 16/6/2007
Indagado pelo vereador Xandi Fontes sobre as razões de procurar o vereador Juarez Silveira já que a documentação do Floripa Shopping estava em dia e legal, o vereador Marcílio Ávila confirmou que havia “boicote.” “Todos sabem que o vereador Juarez Silveira tinha poder dentro da Susp,” expressou Ávila.
Coluna Paulo Alceu ; 3/7/2007
No relatório o vereador Walter da Luz destacou que a Susp transformou-se num “balcão de negócios utilizado pelo vereador Juarez Silveira e seu cunhado Renato Joceli, na obtenção de vantagens ilícitas e imorais.”
Vereador promete voltar
Diário Catarinense ; 4/7/2007
Depois da cassação, o ex-vereador Juarez Silveira subiu à tribunal e fez um discurso exaltado, com frases carregadas de acusações.
Já o público que continuava presente aplaudia, pedia para ele citar nomes e revelar quais as falhas da administração do prefeito Dário Berger. Enquanto estava na tribuna, o ex-vereador prometeu ainda revelar detalhes sobre corrupção.
A cassação do mandato dos vereadores Juarez Silveira e Marcílio Ávila representa a confirmação indiscutível (apoiada por inúmeras gravações) do uso da SUSP (Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos) da Prefeitura Municipal de Florianópolis para promover aprovações ilegais de obras em Florianópolis,
A divulgação de informações referentes à operação Moeda Verde demonstra que esta secretaria, conforme parecer do Conselho de Ética da Câmara de Vereadores, transformou-se um balcão de negócios.
Para aqueles que atuam na construção civil de Florianópolis esta afirmação confirma o que é de conhecimento público há muito tempo, tanto em relação a administração atual quanto às anteriores.
O grande “enigma”, as perguntas para as quais não houve resposta por parte das autoridades competentes, são :
QUANDO SERÁ FEITA UMA AUDITORIA NA SUSP ?
PORQUE NÃO HOUVE QUALQUER MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO ESTADUAL NO SENTIDO DE APURAR AS IRREGULARIDADES PRATICADAS NA SUSP ?
PORQUE NÂO HOUVE QUALQUER MANIFESTAÇÃO DO CREA EM RELAÇÂO AS IRREGULARIDADES PRATICADAS POR ENGENHEIROS, ARQUITETOS E TÉCNICOS DE EDIFICAÇÕES QUE COMPÕE O QUADRO DE FUNCIONÁRIOS DESTA SECRETARIA ?